Criação de Copépodes

Vou iniciar brevemente uma cultura de copodopes, para poder abastecer e alimentar alguns dos peixes do meu aquário. Encontrei alguma literatura interessante, mas fiquei com curiosidade de saber se havia alguém em Portugal que já tivesse feito criação. Então numa primeira fase pretendia que expusessem experiências e questões, que tenho a certeza virão a ser úteis para toda a comunidade.

Já alguém fez cultura de copodopes? Ainda faz? Que espécies cria? Que material utiliza? E o fitoplâncton, qual usa? Tiveram algumas dificuldades?

Espero poder contar com a ajuda de todos.

Há novidades?

Boas,

Ontem andava a ver uns sites e deparei-me com este sistema de doseamento automático de zooplankton.

Parece-me interessante, só não consegui encontrar o preço...





http://networkedblogs.com/IjHoC

Site Oficial: http://www.planctontech.com

Possivelmente poderá ser adaptado para criar copepods, mysis, artémia, etc.

Pensei que não houvesse ninguém interessado no tema.
Já comecei!
Vou só colocar umas fotos e depois explico o que está feito.

Artur prometo ver mais logo o link que enviaste. Agora tenho trabalho...

[Hugo Figueiredo]

Não há interessados?
Claro que há! E eu sou um deles!!!
Isso tem ótimo aspeto Miguel!

Dá mais pormenores por favor!!!

[Pedro Gomes]

Muito bom!

Artur esse produto para dosear automatico é muito interessante!!!

A opção de criar copodopes surgiu pela entrada de algumas anthias squamipinnis no meu aquario. Devo ter tido umas dez e acabei ficando com 4, tendo falecido as outras aparentemente por inanição. As que sobreviveram só se alimentam de artémia continuando a recusar qualquer outra comida. Recentemente introduzi um mandarim outra das criaturas difíceis de alimentar. Como o meu aquário ainda é recente receio que não disponha em grande quantidade dos alimentos habituais destes peixes, como copodopes, anfipodes e mysis. Como um amigo tinha uma cultura em inicio, mas não pretendia continuar decidi avançar.

Um site com bastante informação prática, de onde me ando a basear, foi o brineshrimpdirect.com.

O meu amigo que cedeu a sua cultura foi o Marco Fernandes que vocês conhecem aqui do recife.pt pela videoreportagem da sua experiência de criação de palhaços e mais recentemente pela experiência com um polvo.

A cultura é de uma espécie de copodopes a Tigriopus Californicus, que vieram da reefphyto.co.uk. Para mante-los é necessário um recipiente que pode ser plástico (tipo tupperware), água salgada, alimento e bomba de ar. O alimento é fitoplâncton. Neste momento estou a usar um concentrado congelado de uma microalga, a Nannochloropsis. Iniciei ontem também a cultura dessa mesma microalga (é o recipiente com luz e cor verde nas fotos acima) que veio também do reefphyto.co.uk.

Amanhã devo receber o recipiente ("aquário") que encomendei para colocar os copodopes e devo fazer a primeira colheita de animais.

Vou tentar fazer uma foto-reportagem para publicar aqui.

Abraço a todos

Boas
Vamos a isso Miguel, tenta colocar fotos e depois a
evolução que notas no aquario.
cumps

Pedro Gomes Escreveu:

Artur esse produto para dosear automatico é muito interessante!!!

Boas Pedro, também achei interessante, só fiquei na dúvida do preço... tanto no primeiro link como no site oficial não se consegue obter o preço do kit... mas considerando que traz uma doseadora de um canal, mais a bomba de ar, acrílico, etc., não deverá custar menos de uns 150 a 200 EUR... falta saber o valor ao certo, a ver se compensa (o automatismo dá bastante jeito).

[Rui Manuel Gaspar]

Hugo Figueiredo Escreveu:

Não há interessados?
Claro que há! E eu sou um deles!!!
Isso tem ótimo aspeto Miguel!

Dá mais pormenores por favor!!!

Boas e eu sou o outro ...

Ando à mais de 10 anos para ter um casal de Mandarins e nunca tive nenhum exactamente por causa do alimento!

Abraços,
Rui

[Hugo Figueiredo]

Miguel, já fazia ai um How-To com fotos e tal, não?!

E a temperatura, não faz diferença?
É só mesmo bomba de ar água e alimento?

Com que frequência tens de dar alimento (phyto) e que quantidade retiras por dia de copepods?

Rui Manuel Gaspar Escreveu:

Hugo Figueiredo Escreveu:

Não há interessados?
Claro que há! E eu sou um deles!!!
Isso tem ótimo aspeto Miguel!

Dá mais pormenores por favor!!!

Boas e eu sou o outro ...

Ando à mais de 10 anos para ter um casal de Mandarins e nunca tive nenhum exactamente por causa do alimento!

Abraços,
Rui

Rui, se apanhas agua natural é facil manter os manderins, nao imaginas a bicharada desta que eu tenho no meu aquario, quando as luzes se acendem é ver os bicinhos minusculos a esconderem-se, par anão falar do que fica preso no filterbag....

Rui, se apanhas agua natural é facil manter os manderins, nao imaginas a bicharada desta que eu tenho no meu aquario, quando as luzes se acendem é ver os bicinhos minusculos a esconderem-se, par anão falar do que fica preso no filterbag....

Boas
Eu sempre fiz agua com sal sintético e tenho bués também, desde copépodes a outros minúsculos que parecem piolhos.
Quando ligam as luzes o vidro da frente fica com centenas depois desaparecem passados 20 ou 30 minutos.
Mas sempre me questionei porque acho que a esses seres damos o nome de zooplanktom que se alimentam de phytoplanktom.
Se eu nunca coloquei phyto de que eles se estão a alimentar???

Vou tentar explicar como tenho feito com a minha criação de copodopes.

Primeiro deverá haver um recipiente de plástico, com litragem superior a 10 litros, de preferência opaco. No meu caso optei por fazer um aquário de 40x30x30cm, de vidro com tratamento exterior a preto. Optei por colocar tampa de acrílico transparente com 2 orifícios que servem de arejamento e local de introdução de sondas de ar.

Tem um orifício no fundo para permitir a colheita de copodopes e trocas mais fáceis de água, com uma torneira de plástico.
A água salgada fiz com água de osmose e sal adequado para aquários marinhos. A densidade tolerada pelos copodopes é muito ampla, mas aconselham que deverá ser como nos nossos aquários, ou seja, 1.020 a 1.025. Optei por ter a densidade perto de 1.025 porque adiciono o fitoplâncton dissolvido em água de osmose e como a evaporação nesta altura do ano é mínima a densidade vai diminuído progressivamente.
O aquário, no meu caso, fica numa arrecadação no exterior da habitação, mas como vivo na Madeira a temperatura é sempre amena optei por não colocar termostato. Do que li os copodopes toleram bem temperaturas altas e baixas, não sendo habitualmente necessário termostato. No entanto dizem que se em locais de temperaturas muito baixas se se notar um ritmo de reprodução muito baixo se pode tentar colocar um termostato para obter temperaturas mais altas.
Não é necessário adicionar luz, mas aconselham que se mantenham num local sem luz directa, mas com claridade. Os copodopes são serem essencialmente noctívagos, mas deverá ser necessário a diferença de luminosidade para a percepção de noite/dia, para o seu melhor desenvolvimento.
Apesar de se alimentarem de detritos normais num aquário e restos de comida (como por exemplo flocos) para a sua criação opta-se por fitoplâncton. Penso que pela menor probabilidade de “estragar” a qualidade da água. Apesar de normalmente se utilizar a microalga mais fácil na aquacultura, a Nannochloropsis, não parece ser a opção ideal para a criação de copodopes porque será mal digerida por estes e ser pouco nutritiva. A ideal seria a Isochrysis (conhecida como t-iso) mas parece que será mais difícil de cultivar, para além de ter um “cheiro” menos agradável. Neste momento, como já havia referido, estou a usar uma pasta congelada de concentrado de Nannochloropsis, que dissolvo em agua de osmose e administro conforme as necessidades uma vez por dia, para manter a agua com um tom verde claro. Brevemente vou tentar a cultura da t-iso.

Outra necessidade é a administração de ar, com uso de uma bomba simples. Coloco no aquário através de um tubo rígido que fica no fundo, a um ritmo de mais ou menos uma bolha por segundo.
Dos cuidados diários temos de avaliar a existência de sinais de acumulação de nitratos e amónia, que são a existência de bolhas junto dos bordos do aquário, que não se dissolvem como normalmente, cheiro desagradável da água e o declínio da população de copodopes. Se se notar algum destes sinais fazer TPA de cerca de 50% do volume de água.
Uma avaliação rápida diária deverá constar de 4 perguntas, segundo as instruções do site brineshrimpdirect.com, que são:
1 – Tem muitos copodopes na água? Se sim, fazer colheita.
2 – Consigo ver o fundo do recipiente, usando uma lanterna? Se sim, adicionar fito.
3 – A água cheira mal ou há pequenas bolhas de ar junto das paredes do recipiente? Se sim, TPA.
4 – O nível de água diminuiu? Se sim, adicionar água de osmose.

Para a colheita podemos usar uma rede que passamos na água e “lavamos” para o nosso aquário ou refúgio. Outra alternativa para colheitas de maior quantidade de copodopes é passar a água por vários filtros de diâmetros diferentes para poder separar copodopes adultos de juvenis ou ovos.

Fico à disposição para perguntas, comentários e críticas.
Abraço a todos e obrigado pelo interesse.

Excelente review, obrigado pela partilha.

Abraço

[Hugo Figueiredo]

Smplesmente fantástico Miguel!!!

Acho que vou tentar mais cedo do que tarde!

Boas Miguel,

Excelente tutorial

Boa tarde

Parabéns!
Admiro sempre quem perde o receio e se aventura de forma responsável em coisas novas!
Obrigado pela partilha e disponibilidade

Abraço
Pedro Ferrer

Eu gostava de experimentar criar phyto e zoo plankton. No entanto, como o reef está no meu quarto, a bomba de ar teria de ser silenciosa, conhecem algum modelo assim?

e que tal essa alimentação? Os peixes gostaram? consegues produzir para uma alimentação frequente?